Aquário, a Inteligência Artificial e o Sora


A Inteligência Artificial e as suas surpreendentes capacidades chegaram com estrondo no final de 2022. O recém-lançado chatGPT tomou o mundo de surpresa e deixou em estado de assombro aqueles que leram as respostas impressionantes às mais diversas questões colocadas nesse serviço gratuito e experimental que a OpenAI disponibilizou. O estranho nome GPT chegou às bocas de todos sem que soubessem exatamente do que se tratava. A parte “chat” é óbvia. Conversação. Já GPT, nem tanto. O acrónimo GPT significa Generative Pre-Trained Transformer. Sem qualquer dúvida, é um conjunto de conceitos técnicos demasiado científico e esotéricos para o utilizador comum da internet. Significa simplesmente um autómato que foi treinado para responder de uma forma conversacional a um humano. E vamos deixar esta definição assentar - “...responder de uma forma "conversacional" a um humano...”.
O que no futuro se apelidará de AI Boom ou Primavera IA (Inteligência Artificial) – e até já o é agora – tem profundos impactos na sociedade atual. Vai afetando transversal e pervasivamente as áreas humanas no domínio da Filosofia, a Religião, a Economia, etc.. Até ao surgimento do chatGPT, era já extraordinário, e sem dúvida um feito de imensas proporções, o acesso praticamente fácil e imediato a um infindável repositório de informação, abarcando todos os assuntos possíveis, através do motor de busca que a Google criou e amplamente disponibilizou ao mundo. O modelo de negócio da Google, baseado na publicidade personalizada ao utilizador que é gerado a partir da informação que este partilha com o serviço, fez da Google uma empresa colossal. Mas agora, com o sucesso fulminante do chatGPT, o “Golias” sente o perigo iminente da sua própria extinção. Algo impensável até então - certamente não tão rápido. A proposta da AI vem mudar as regras do jogo. O consumidor da informação disponibilizada pela internet passa a ter outro serviço para usar em alternativa ao que nem sequer tinha de escolher, de tal maneira sedimentado na experiência digital... “Google it”! Com o advento da AI em formato de chat, já não é necessário saber algo sobre o assunto a procurar, e muito menos ir construindo o conhecimento numa determinada área do saber pela compilação da informação espalhada pelos múltiplos sites que o serviço de busca lhe apresenta. Isto sempre associado a uma subliminar camada de publicidade – quando se desconhece o produto de uma empresa, o produto somos nós. Uma entidade “inteligente”, que tudo parece saber, entrega essa informação já em forma de conhecimento, redigida em qualquer linguagem, em qualquer formato literário, como se acabássemos de conversar com o ser – humano - mais culto e inteligente deste planeta. Não só esse conhecimento vem numa resposta como é também possível ter uma conversa – do tipo humana - coerente sobre um mesmo assunto, no qual o AI expande e aprofunda no espetro do tema da conversa. Simplesmente extraordinário!
Desde a data do lançamento público do chatGPT rapidamente se chegou à criação de imagens complexas a partir de uma qualquer descrição emanada da imaginação humana. Multiplicaram-se as aplicações dessa inovadora ferramenta prestando auxílio em tarefas criativas com automatizações úteis e que só seriam possíveis contratando os serviços de experientes, talentosos e credenciados profissionais no mercado, com um preço elevado. Assim, com um valor de subscrição acessível, ou muitas vezes agregado ao próprio produto, o criador de conteúdo passou a ter acesso a essas ferramentas que lhe abreviam o tempo despendido e lhe permitem atingir um nível de qualidade que se aproxima do resultado de serviços especializados e profissionais. O mercado dos tradutores e uma parte dos profissionais que prestam aconselhamento foi violentamente atingido e começam a surgir os primeiros receios sobre os impactos reais no sensível equilíbrio social e económico da sociedade atual. A IA poderia de facto substituir de uma forma assustadora um conjunto de profissões, atirando para o desemprego milhares ou mesmo milhões de pessoas. E é neste momento que se torna um desafio político. As empresas e organizações envolvidas no desenvolvimento da AI, também elas surpreendidas pela rapidez de adoção da tecnologia, terão se ser rápidas a reformular a tecnologia e a torná-la comercializável e, também, controlável. A União Europeia já se pronunciou que é necessário regulamentar a IA, por exemplo. Chegaram os primeiros processos legais pois, afinal, a AI é treinada. E é treinada com o quê? Com os conteúdos, materiais, técnicas e tudo o que foi previamente criado por humanos e que têm o direito de serem compensados pelo uso abusivo da propriedade intelectual daquilo que criaram e que é livremente usado para treinar e melhorar o desempenho da IA. Esse foi um ponto que não foi bem acautelado pelas organizações responsáveis pela AI e que com certeza gerará ainda muita polémica.
Nos últimos dias foi lançado o que já se previa que a tecnologia podia vir a conseguir: Sora. Sora é um modelo IA desenvolvido pela OpenAI – a mesma organização que criou o chatGPT - que pode criar cenas realísticas a partir de instruções textuais. Significa que o modelo AI está a ser treinado para produzir vídeo a partir do treino que lhe permite compreender e simular o mundo físico em movimento. Os resultados publicados deslumbram. Embora nesta fase não esteja disponível para uso alargado, a evolução após um ano em que foram publicadas as primeiras experiências com geração de vídeo a partir de texto são impressionantes. Para o observador que sabe que o vídeo foi criado a partir de IA, há detalhes que o denunciam – o célebre problema das mãos e outros erros que a IA ainda não resolveu e que claramente desafiam a realidade. Mas para quem não sabe que o filme é gerado por IA, poderá não estar tão atento nas primeiras vezes que o vê. Já com objetos fantasiosos, algo como o observado nos filmes de animação da Disney ou de um qualquer outro estúdio de animação 3D, a tecnologia não causará tanto espanto. No entanto, há a relevante diferença que a animação resultante não teve intervenção de um humano usando um sofisticado software de modulação 3D. Ou deixa de ser necessário a contratação de serviços de captação de vídeo in loco, com todos os custos logísticos envolvidos. Mas o mais impressionante é a criação de figurantes ou mesmo atores virtuais cujas características são idênticas a um humano capturado em filme. Esta tecnologia não é absolutamente nova. Decorre a polémica do uso de “deep learning” para criação de avatares cujas diferenças com características de seres humano reais. As diferenças para pessoas reais são quase questionáveis ou mesmo impercetíveis, ao ponto de simularem seres humanos reais, personificando-os nas mais diversas circunstâncias. Neste momento, uma descrição textual pode vir a ser o suficiente para o criar o mesmo, em apenas alguns minutos. Tal tecnologia não parece estar tão distante de se tornar realidade, dada a evolução demonstrada no último ano.
E no que tudo isto se relaciona com Aquário, o signo astrológico?
À data do presente momento, 18 de fevereiro de 2024, Vénus acabou de ingressar em Aquário, apenas uns dias após o ingresso de Marte neste mesmo signo. Plutão encontra-se no primeiro grau de Aquário. Com este planeta pessoal, que se relaciona arquetipicamente com aquilo que nos atrai, portanto associado com o amor, com a beleza e a harmonia, serão já cinco os planetas posicionados em Aquário, de acordo com a astrologia moderna e tropical. Portanto: Sol, Mercúrio, Vénus, Marte e também Plutão. Se pudermos atribuir um significado numa única palavra a cada um dos signos podemos ter, respetivamente: consciência, comunicação, amor, ação e transformação. Enquanto signo, Aquário caracteriza-se por liberdade, inovação, associativismo, revolução e independência, responsabilidade coletiva. A ressonância no tema aquariano assume por isso uma importância significativa dada a concentração de arquétipos planetários neste signo. Plutão, o único planeta transpessoal do grupo, permanecerá um tempo substancialmente superior em Aquário e marcará com várias transformações sociais ao longo dos próximos 20 anos, como observado por correlação nos anteriores ciclos planetários relativamente à história civilizacional. Será relevante notar a sincronicidade ocorrida aquando do lançamento do chatGPT quando Plutão se aproximou de Aquário e também o quanto esta tecnologia perdeu parte do seu entusiasmo inicial quando Plutão iniciou o seu movimento aparente retrógrado e que o fez regressar a Capricórnio durante cerca de 7 meses. Nesse período, as preocupações e os sinais de alerta e preocupações sociais foram mais audíveis e as organizações ligadas à AI viram-se a braços com as reações negativas da disponibilização gratuita do serviço. Em Janeiro de 2024, Plutão reingressa em Aquário e parece haver um novo entusiasmo – e muito possivelmente novas ameaças sociais – relativamente ao uso generalizado da AI. Eis que chega nestes dias essa nova vertente da utilização da tecnologia: a criação de vídeo a partir de texto. Novas ondas de choque atingem a sociedade e o espanto pela criação de imagens em formato de filme a partir de uma descrição textual, completamente automatizada, deixa novamente os humanos incrédulos com a magnificência da tecnologia digital.
É certo que a beleza dos exemplos mostrados pela openAI (presentes em https://openai.com/sora) sugerem uma interpretação venusiana, de beleza e admiração, que como consequência provoca a atração da nossa atenção. Mas astrologicamente há aqui algo mais. O cinema - e as artes audiovisuais de uma forma geral - são um tema recorrentemente associado a Neptuno que, segundo certas linhas de raciocínio astrológico, funciona como uma oitava superior de Vénus. Neptuno encontra-se no signo de Peixes desde há muitos anos e aí se encontrará até 2025. Neptuno, que é um planeta trans social, adquire um significado arquetípico amplo e de abrangência civilizacional, que se consubstancia uma com uma dimensão geracional. O seu ciclo de translação em torno do Sol é de 165 anos, e passa cerca de 14 anos em cada signo. O seu posicionamento em Peixes denotará que o carácter astrológico neptuniano que se relaciona com a psicologia, a imaginação, a consciência coletiva, os idealismos, a empatia, os sonhos e as ilusões – entre muitos outros – se este encontra-se precisamente no signo que lhe é mais familiar, como que em perfeita afinidade com a sua natureza arquetípica. O cinema e as ilusões que o ecrã cria na nossa perceção de realidade são assim identificáveis nos significados do signo Peixes e também de Neptuno. E no que é que o arquétipo de Neptuno se relaciona com a concentração de planetas em Aquário? Saturno, considerado o regente na Astrologia Tradicional de Aquário encontra-se a transitar o signo de Peixes. A ponte de conceitos pode estabelecer-se por esta ligação, no qual o significado do signo de peixes se associa aos arquétipos em Aquário, cuja estrutura social e também mental se matiza com a criação de um mundo imaginário estruturado dos significadores posicionados em Peixes. Saturno, enquanto arquétipo, concretiza e constrói uma ordem conceptual sustentada em alicerces seguros. Está análise estará mais completa se se observar o regente da Astrologia Moderna. Úrano transita em Touro, signo que é regido por Vénus (o último dos planetas a entrar em Aquário) e tal como visto para Saturno, Úrano interfere na interpretação com os significados dos planetas em Aquário. A natureza de Úrano em Touro matiza todo este significado que procuramos estabelecer. Não sendo um signo pautado pela rapidez ou pelo imediatismo de ação - características estas que frequentemente se associam a Úrano - ainda assim o fator surpresa se pode identificar pela forma como este desenvolvimento da AI se pode afigurar como um verdadeiro terramoto em Hollywood ou quaisquer outros estúdios ou organização que se dedique aos audiovisuais que dependam do talento de atores para desempenhar papéis de personagens na indústria do cinema, das séries de televisão ou outros. Até os produtores de conteúdo digital estão afetados ou serão mesmo os mais afetados numa primeira fase enquanto a tecnologia permite resultados apenas satisfatórios. Acentuado pela expansibilidade do arquétipo joviano, pois Júpiter também se encontra em Touro, o par de Saturno nos assuntos da sociedade na qual os indivíduos fazem parte, o impacto sentido por este súbito desenrolar de acontecimentos pode vir a ser muito mais amplo do que se podia inicialmente acreditar.
O “rápido” movimento dos planetas (Sol e Lua consideram-se planetas no contexto astrológico por uma questão de conveniência terminológica) que se consideram pessoais – de Sol a Marte – fará com que esta interpretação se mantenha por relativo pouco tempo. A 23 de Março, no momento que Marte ingressa no signo de Peixes, só restará Plutão em Aquário. No entanto os efeitos produzidos pela IA na sociedade manter-se-ão e irão evoluir, como todos e quaisquer assuntos civilizacionais. É possível que em meados de 2025 possamos assistir a uma nova evolução repentina destes fatores quando Saturno e Neptuno sairão conjuntamente do signo de Peixes e ingressarão em Carneiro (ou Áries) e simultaneamente Úrano transitará para Gémeos. Estes três planetas estarão em sextil (um aspeto que tradicionalmente é positivo) e a ingressar em signos de elementos compatíveis, mas Júpiter irá também estar a ingressar em Caranguejo (ou Câncer) e neste caso a fazer uma quadratura ao par Saturno-Neptuno, portanto significando potencialmente conflito e desafios no que diz respeito a fatores como a expansão dos assuntos e as leis que nos regem. A entrada de Júpiter no signo que se pauta pelos assuntos domésticos e familiares poderão dar uma tonalidade de que este conflito se possa manifestar nessa esfera. O longínquo Plutão continuará na sua marcha lenta por Aquário e evidenciará as áreas na sociedade que necessitam de se transformar e de forçosamente evoluir. Alguns meses mais tarde dos ingressos simultâneos referidos, Úrano, já em Gémeos, fará um trígono a Plutão. Será expetável que súbitos desenvolvimentos ao nível da tecnologia e das comunicações aconteçam, mediados em sextil – portanto no que pode representar um ponto-médio – pela conjunção Saturno-Neptuno em movimentos direto e retrógrado entre os signos de Peixes e Carneiro. Antevê-se um interessante - e cheio de sobressaltos - ano de 2025, portanto!
P.S.: Este texto foi integralmente escrito sem recurso a IA!